Corujinha - Vinícius de Morais |
Piou longe, agitada de magia. Trazia
no bico e unhas finas um ditar de filosofia. Que o oculto transforma-se num
canto. E o espanto em sabedoria. Que enfeite, retrate, explore. Seja reflexão
de uma mente sadia.
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Desde o começo do ano, batendo suas asinhas, corujinhas se aproximaram de mim. Parecia que essa
enigmática ave estava simbolicamente por todas às partes: em itens adquiridos,
marcadas em lugares que não podia imaginar. E quando dei por mim encarando essa
pequena coleção sem proposito, comecei a imaginar se havia um significado, uma simbologia
por detrás dessas penas.
Para quem sempre gostou de colecionar corujas ou acham o animal elegante, mas
nunca soube exatamente os rótulos e significados aderidos por esse ao logo dos
anos, procurei e trouxe aqui seus diversos históricos.
Athene Noctua. Pequena Coruja. Essa
nomeação vem do latim e estabelece sua origem na mitologia grega, figurando a
deusa Atena – ou Glaukopis, como também era chamada. O curioso é que Glaucos significa brilhantes e Opis, olhos.
E se viajarmos ainda mais pelos radicais das palavras, descobrimos que essas
possuem a mesma raiz de Glaux; coruja. Uma
reafirmação íntima da relação entre olhos brilhantes das aves da noite e a
deusa da sabedoria.
Estar empoleirada ao ombro de Athena – revelando todos os segredos oculto, segundo dizeres de muitos - pode atrelar as Corujas os rótulos de conhecimento, significados de inteligência. Mas as ligações não se limitam a isso. Os gregos consideravam a noite como um momento de reflexão, propício para pensamentos filósofos. E talvez fora numa dessas sessões de pura cogitação que perceberam que a negritude da noite também era explorada por um animal alerta a qualquer tipo de farfalhar, uivo ou costumes desenvolvidos neste turno; olhos brilhantes sob o negro em total meditação.
Sábia e vigilante quanto a complexidades da noite, esse
animal que consegue mover a cabeça em 270 graus - com o corpo imóvel -
levantava suspeitas quanto a seus conhecimentos aos mistérios notívagos. Muitos
povos a consideravam como um ser oculto, íntima do lúgubre que enxergava
através das trevas. Embarcando nessa concepção, a imagem das corujas muitas
vezes figuram fatos místicos.
Quantos bruxinhos não
já vimos com sua fiel Coruja a tiracolo? E quantos de nós ainda não esperamos que uma
entre pela nossa janela com uma cartinha de Hogwarts? Ficção à parte, as
corujas em Harry Potter e seus trabalhos como correio dos bruxos mistura clarividência
e informação numa mesma passagem.
Percebe-se, então, que apesar de todo ocultismo ou fachada
sombria que estas aves fofas possam adquirir, sua essência sempre se volta a
sabedoria. Nada mais justo então o curso de Filosofia tê-la como mascote. Mas
as graduações que agregaram a esperta coruja não param por aí. Se em historinhas e contos já a
personificaram como sabias professoras, Letras e logo Pedagogia fazem questão
de reforçar seus ensinamentos marcando como símbolo a Dona Coruja.
Corujas-das-neves a corujas-buraqueiras, cada um desses bichinhos possuem seus próprios encantos e artimanhas de passar sua mensagem. Despertando fofura em uns, enigmas em outros. Mas, sobretudo que ela traga sabedoria para todos os momentos de nossos voos no desconhecido. Façamos do aprendizado um símbolo concreto.
E para fechar as brilhantes e afiadas representações,
enquanto pesquisava o bichinho descobri um álbum tão agradável quanto. E ele a
tem no título. Fofura e sabedoria perto do coração.
Fiquem com o make-off de A Coruja e o
Coração, interpretado lindamente pela Tiê.
Lindas!
ResponderExcluirSabedoria é a primeira coisa que me vem à mente quando penso nelas!
De fato muito lindas! Tenho uma que fica na minha estante, branquinha.
E teus itens são muito lindos!
(amei a poesia no início. Vinícius de Moraes é tão único)
Um beijo, menina!